O nosso intestino é um órgão que desempenha diversas funções importantes para o nosso metabolismo e ele apresenta em si uma comunidade de milhões de bactérias que constituem a nossa microbiota intestinal. Em situações em que essa microbiota é saudável, inúmeros benefícios são gerados. Em contrapartida, quando a microbiota está em estado de disbiose intestinal e menor quantidade de bactérias boas, diversos malefícios ocorrem.
Existem três formas distintas para combater as toxinas através do ambiente intestinal, sendo elas o sistema imunológico do intestino que também é conhecido como GALT (tecido linfoide associado ao intestino), a barreira da mucosa intestinal e a microbiota intestinal. Nesse sentido a microbiota intestinal pode alterar a absorção e metabolismo de algumas toxinas atuando como uma barreira física, modificando o pH e o equilíbrio oxidativo do intestino e a expressão de enzimas de desintoxicação ou proteínas envolvidas nesse metabolismo. Além disso, a integridade da barreira intestinal, que limita a absorção de toxinas, é muito dependente das interações microbiota-hospedeiro nas junções epiteliais e camadas mucosas do intestino.
Além disso, estão presentes na microvilosidades intestinais as enzimas da classe CYPP3A4 e elas são responsáveis por realizar o processo de detoxificação, estimulando a retirada de componentes tóxicos das células intestinais (enterócitos) para a luz do intestino. Ainda, existem mais alguns fatores além dos que já foram comentados que auxiliam na detoxificação, tais como a presença de secreções biliares e pancreáticas, ácido clorídrico e a motilidade intestinal.
O sistema intestinal como um todo é capaz de eliminar e combater diversas toxinas, desde adquiridas de forma externa como sintetizadas endogenamente. No entanto a presença de alguns tipos de metais pesados e substâncias nocivas podem alterar de forma significativa a composição da microbiota intestinal, fazendo com que ocorra prejuízo nos processos de digestão, absorção, excreção, menor biodisponibilidade de nutrientes, redução da imunidade e baixo potencial de detoxificação, podendo também afetar negativamente outros processos detoxificantes no organismo.
Alguns componentes como a berberina que é adquirida por extração do Rhizoma Coptidis (Coptis chinensis Franch), pode ser um elemento importante no auxílio ao combate as toxinas, visto que, ela já é muito utilizada para o tratamento de doenças do trato gastrointestinal devido ao seu efeito desintoxicante. Nesse contexto, estudos apontam que a berberina pode auxiliar na redução de lesões intestinais, elevar a função das tight junctions, otimizar a morfologia das microvilosidades intestinais e estimular a migração intestinal, ou seja, colaborando para saúde do intestino e desta forma melhorando as funções detoxificantes.
Além disso, a ingestão dietética de frutas, verduras e legumes é muito importante para esse processo, pois estes alimentos contêm vitaminas, minerais, aminoácidos e compostos bioativos, que são cofatores necessários para as reações de detoxificação e saúde intestinal, protegendo também contra o estresse oxidativo, inflamação e lesão mitocondrial induzida pelas toxinas. Mas, pensando em manter um intestino saudável para obter os efeitos benéficos do processo de detoxificação, é importante evitar o consumo de alimentos industrializados, ricos em açúcares e carboidratos refinados, gorduras saturadas e trans, adoçantes e agrotóxicos.
Referências
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