Os fármacos, muitas vezes, podem apresentar sabor e odor desagradável, atrapalhando o seu consumo e, por consequência, diminuindo a adesão ao tratamento. Para superar esses empecilhos, foram elaboradas formas farmacêuticas que escondem tais características indesejáveis, como é o caso dos xaropes, gomas, chocolates, pirulitos e gotas.
Formas farmacêuticas são as apresentações físicas do medicamento, podendo ser classificadas em sólidas, líquidas, semi-sólidas e gasosas. Dentre elas, podemos destacar:
Xaropes: Solução líquida formada a partir da junção de água e açúcar, pode ser acrescida de flavorizantes e aromatizantes, culminando em um produto de sabor e odor agradáveis
Gomas: Forma sólida e de consistência macia, geralmente é produzida a partir da gelatina ou do colágeno hidrolisado, pode ser adicionado de flavorizantes, aromatizantes e edulcorantes para uma experiência mais agradável
Chocolates: Forma farmacêutica sólida com alta taxa de cacau, zero açúcar e diversos compostos fenólicos. Seu sabor característico consegue mascarar o sabor desagradável de algumas substâncias. Ideal para chocólatras.
Pirulito: Forma sólida que pode ser acrescida de edulcorantes, flavorizantes e aromatizantes, aumentando a aceitação do fármaco. Apesar de ser sólido, ele dissolve-se lentamente na boca, liberando o fármaco que, por sua vez, será absorvido pela mucosa oral e sublingual.
Gota: Solução líquida indicada para administração oral. Pode ser acrescida de flavorizantes, aromatizantes e edulcorantes para melhorar suas características organolépticas.
Há um público em particular que pode se beneficiar dessas formulações, as crianças. Para aquelas menores de cinco anos, é preferível que seja administrado soluções líquidas diretamente em suas bocas, facilitando o processo de deglutição e diminuindo o risco de engasgos.
Outra forma de administrar substâncias é por meio de pastilhas/comprimidos mastigáveis que, após serem triturados pelos dentes e envoltos em saliva, dissolvem-se na boca produzindo um sabor agradável de sua preferência.
A maior parte dos fármacos apresenta uma aparência neutra e um sabor desagradável, características que aumentam a relutância dos pacientes e diminuem sua adesão ao tratamento, por conta disso, a possibilidade de alteração da aparência e da palatabilidade são fatores de suma importância.
Ao ingerirmos uma determinada substância, líquida ou sólida, nossas células receptoras – presentes nas papilas gustativas – interagem com as moléculas dissolvidas na saliva, produzindo um sabor positivo ou negativo. Formas líquida entram em contato direto com essas papilas e, por conta disso, é necessário adicionar flavorizantes (substâncias que, em pequenas quantidades, conferem sabor e aroma à preparação) em sua composição.
Formulações flavorizadas (com sabor), coloridas e saborosas são atrativas sensorialmente, eliminando a relutância inicial e aumentando a aceitação. As crianças, novamente, podem ser favorecidas por essas formulações, visto que uma grande parte delas é atraída por tais características organolépticas. Existem algumas bases psicológicas para a terapia medicamentosa, e as características organolépticas de uma preparação farmacêutica desempenham um papel importante. Um fármaco apropriado tem seu efeito mais benéfico quando é aceito e tomado pelo paciente. A combinação adequada de odor, sabor e cor contribui para tal aceitação.
Ao flavorizar um produto, é necessário levar em consideração, a cor, o odor, a textura e o sabor da preparação, visto que a sensação de sabor é, na verdade, uma complexa mistura de sabor e odor, com menor influência da visão, temperatura e textura. Ademais, é necessário que todas as escolhas para a formulação façam sentido, a cor deve estar de acordo com o sabor e o odor, por sua vez, deve realçar o sabor.
Os flavorizantes, nas soluções orais, são utilizados para corrigir as características sensoriais de sabor e odor, contribuindo para uma melhor adesão e eficácia medicamentosa, principalmente no público pediátrico.
Por fim, vale destacar que as preferências por determinados flavorizantes podem variar conforme as variáveis de cada causo, isso pode ser visto com relação à idade do paciente - crianças, geralmente, optam por preparações de sabor doce, semelhante às balas de frutas, já os adultos parecem preferir preparações com sabores mais ácidos.
Referências:
ALLEN, L.; POPOVICH, N.; ANSEL, H. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 9. ed.Artmed, 2013.
SILVA, I.; JÚNIOR, F.; PINHEIRO, I. Efeitos de edulcorantes e flavorizantes em soluções orais para tratamento infantil: uma revisão integrativa da literatura. Revista de Casos e Consultoria. 21 jul. 2021. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/download/25701/14524/#:~:text=O%20uso%20de%20edulcorantes%20e,administra%C3%A7%C3%A3o%20ao%20tratamento%20medicamentoso%20pedi%C3%A1trico. Acesso em: 18 fev. 2022.
ANVISA. Projeto Educação e Promoção da Saúde no Contexto Escolar. Contextualizando Sobre Medicamentos, [s. l.], p. 1-26, 1 jan. 2012. Disponível em: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2012-01/medicamentos.pdf. Acesso em: 20 fev. 2022.
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