Acredito que todos já ouviram falar do ômega 3, um ácido graxo poliinsaturado extremamente estudado por conta da sua composição, apresenta ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA), é possível encontrá-lo em algumas sementes, alimentos de origem vegetal (algas e linhaça dourada) e, principalmente, nos peixes de águas profundas (salmão, arenque, atum, etc.). Por ser considerado um ácido graxo essencial, é necessário que sua obtenção se dê por meio da alimentação ou suplementação.
Há uma vasta literatura com relação aos benefícios ocasionados pelo consumo de ômega 3, como diminuição dos níveis de triglicerídeos, efeito cardioprotetor, aumento da degradação da apo B-100 (uma apoliproteína presente na LDL e VLDL), efeito neuroprotetor e diminuição da Interleucina 6 (citocina pró- inflamatória que fica aumentada em respostas imunológicas) proteína C-reativa (proteína plasmática que fica aumentada quando há inflamação) e no fator de necrose tumoral alfa (citocina com finalidades pró-inflamatórias).
Esses efeitos são corroborados por inúmeros estudos, como no caso de Chopra, S.; Peter, S. e Jacob, J. (2013), neste, os autores realizaram uma revisão da literatura com o intuito de entender como o ômega 3 afeta o sistema cardiovascular. Ao final, os autores concluíram que o ômega 3 foi eficaz para reduzir a concentração de triglicerídeos sérico, visto que age em diferentes frentes, diminuindo a lipogênese hepática, inibindo as enzimas fosfatases (enzimas que removem o grupo fosfato de algum substrato) e aumentando a degradação da Apo B-100 e da betaoxidação.
Ademais, os pesquisadores ainda apontam que o ômega 3 apresenta efeito anti-hipertensivo, hemostático, antiarrítmico e anti-aterogênico, sendo um possível aliado para a melhora das funções cardíacas. Além disso, há novas pesquisas que evidenciam os possíveis efeitos benéficos do ômega 3 para a pele.
Efeito antiacne:
Jung, J. et al. (2014) realizaram um estudo duplo-cego randomizado com grupo placebo para verificar a ação do ômega 3 e do ácido gama linolênico em voluntários com acne vulgar. A pesquisa durou 10 semanas e contou com 45 participantes, eles foram divididos em 3 grupos. Um grupo recebeu 2,000mg de ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenoico, o outro recebeu 400 mg de ácido gama-linolênico e o último recebeu placebo. Ao final da pesquisa, foi constatado que ambos os grupos que receberam suplementação apresentaram menos lesões acnéicas quando comparadas ao grupo placebo.
Psoríase:
O estudo conduzido por Millet, P.; Regaña, M. e Balbás, G. (2011) avaliou a eficácia de complementos nutricionais ricos em ômega-3 para o tratamento de psoríase. Foram recrutados 30 pacientes, divididos em 2 grupos, ambos receberam tratamento tópico com tacalcitol (análogo sintético da vitamina D utilizado para psoríase), contudo, um deles também recebeu cápsulas de Oravex (um suplemento rico em ômega 3, extrato de oliva, chá verde, zinco, entre outros micronutrientes). A pesquisa durou 8 semanas e, ao final, foi possível analisar que o grupo que recebeu a suplementação apresentou melhores resultados com relação ao Índice de Gravidade da Psoríase por Área (vermelhidão, a espessura e a descamação das placas), com o NASPI (instrumento utilizado para avaliar a gravidade do comprometimento das unhas nos pacientes com psoríase) e com o Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia (questionário usado para medir o índice de qualidade de vida de pessoas com doenças dermatológicas). Os autores concluem que a administração do ômega 3 auxiliou na redução do eritema, da inflamação e na descamação.
Por último, mas não menos importante, o estudo conduzido por Neukan, K. et al. (2010) avaliou os efeitos da suplementação diária de óleo de linhaça e óleo de cártamo em voluntários de pele sensível. Após 12 semanas, os participantes apresentaram diminuição da sensibilidade, aspereza e escamação da pele enquanto aumentaram a maciez e hidratação. Contudo, os autores indicam que esses resultados foram observados, somente no grupo tratado com óleo de linhaça.
Referências:
RUBIN, Mark; LOGAN, Alan; KIM, Katherine. Acne vulgaris, mental health and omega-3 fatty acids: a report of cases. Lipids Health Dis, [S. l.], p. 7-36, 13 out. 2008. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2577647/. Acesso em: 1 nov. 2021.
JUNG, Jae et al. Effect of dietary supplementation with omega-3 fatty acid and gamma-linolenic acid on acne vulgaris: a randomised, double-blind, controlled trial. Acta Derm Venereol, [S. l.], p. -, 1 set. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24553997/. Acesso em: 1 nov. 2021
NEUKAM, K et al. Supplementation of flaxseed oil diminishes skin sensitivity and improves skin barrier function and condition. Skin Pharmacol Physiol ., [S. l.], p. 67-74, 18 nov. 2010. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21088453/. Acesso em: 1 nov. 2021.
LI, Duo et al. Effect of marine-derived n-3 polyunsaturated fatty acids on C- reactive protein, interleukin 6 and tumor necrosis factor α: a meta- analysis. PLoS One, [S. l.], p. -, 1 fev. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24505395/. Acesso em: 1 nov. 2021.
SOUMIA, Peter; CHOPRA, Sandeep; JACOB, Jubbin. A fish a day, keeps the cardiologist away! – A review of the effect of omega-3 fatty acids in the cardiovascular system. Indian J Endocrinol Metab, [S. l.], p. 422–429, 17 jun. 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3712371/. Acesso em: 1 nov. 2021.
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