Dados do INCA, Instituto de Câncer José Alencar, indicam que o câncer de mama é o segundo tipo mais comum no Brasil (perdendo apenas para o câncer de pele) e o que causa mais mortes por essa doença entre as mulheres. É verdade que os avanços tecnológicos permitiram que o tratamento avançasse muito, e hoje a mortalidade apresenta índices significativamente menores do que a incidência. Mas as mulheres continuam perdendo sua vitalidade, e até mesmo sua vida, por conta dessa condição. Considerando que o tratamento pode sim ser efetivo mas é passível de falhas, precisamos falar sobre PREVENÇÃO.
Primeiro, precisamos entender que existem fatores de risco para o câncer de mama que são modificáveis, e outros não, assim como existem tumores nessa região que tem o seu crescimento estimulado pelo estrogênio, e outros não são tão responsivos a esse hormônio. Essa última informação é importante para entendermos que, quanto maior o tempo de exposição aos níveis mais altos de estrógeno, maior o risco de desenvolver o câncer de mama. É por isso que o avançar da idade e o momento em que acontecem a primeira menstruação e o início da menopausa são fatores de risco importantes e não passíveis de modificação. A partir dos 40 anos, especialmente em mulheres que possuem histórico familiar, é preciso fazer um acompanhamento mais de perto para monitorar a saúde das mamas, mas a curva de incidência aumenta mesmo a partir dos 60 anos.
Fatores genéticos possuem um peso muito grande no desenvolvimento dessa doença, e por isso, a presença de casos de câncer de útero ou de mama na linhagem feminina da família devem sempre ser um ponto de atenção. Mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 são exemplos de alterações genéticas que podem ser rastreadas e indicam uma elevada predisposição para o desenvolvimento de tumores mamários.
Porém, quando pensamos em prevenção, o foco deve ser naqueles fatores de risco que podem ser alterados a partir de mudanças no estilo de vida. A amamentação é um importante protetor entre aquelas que engravidam, e deve ser priorizado e mantido como a alimentação exclusiva do bebê até os 6 meses de idade, podendo perdurar até os 2 anos, já acompanhado da alimentação complementar para aquelas que têm a possibilidade de amamentar. O uso de álcool e o tabaco está entre os principais hábitos a serem evitados a fim de proteger as mulheres contra o desenvolvimento do câncer de mama. Essas duas substâncias estão associadas ao aumento do estresse oxidativo, que por sua vez, piora parâmetros inflamatórios e afeta a resposta imune, diminuindo a quantidade de células que protegem contra tumores. Além disso, o álcool é capaz de aumentar a atividade nos tumores que são responsivo ao estrógeno ao aumentar os níveis desse hormônio no sangue.
O sobrepeso e a obesidade após a menopausa devem ser combatidos como forma de prevenir o câncer de mama. Manter um peso adequado, nesse contexto, vai muito além de estética e envolve a proteção do organismo contra essa condição. A prática de exercícios físicos é outro fator protetor, assim como a alimentação.
O maior consumo de frutas e vegetais é um dos principais pontos a serem levados em consideração na proteção contra o câncer de mama. A presença de polifenóis nesses alimentos é um dos motivos para isso: essas substâncias são capazes de controlar a inflamação e o estresse oxidativo, além de serem capazes de reduzir a proliferação de células de tumores. Níveis adequados de cálcio e carotenóides também são fatores protetores, e, se a alimentação não for suficiente para suprir as necessidades individuais, a suplementação desses nutrientes pode ser importante.
O consumo de gorduras saturadas e açúcares, na contra mão, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de mama, assim como a elevada ingestão de carnes vermelhas e processadas.
Dessa forma, fica claro que um padrão alimentar saudável, com elevada ingestão de frutas, vegetais e cereais integrais, aliada à prática de exercício físico, cessação do hábito de fumar e moderação no consumo de álcool são importantes fatores modificáveis passíveis de serem incluídos no dia a dia com vistas de aumentar a proteção contra o desenvolvimento de câncer de mama.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Câncer de mama: é preciso falar disso. 5 ed. rev. atual. - Rio de Janeiro, INCA: 2019.
Winters, S., Martin, C., Murphy, D., & Shokar, N. K. (2017). Breast Cancer Epidemiology, Prevention, and Screening. Approaches to Understanding Breast Cancer, 1–32. doi:10.1016/bs.pmbts.2017.07.002
Britt, K. L., Cuzick, J., & Phillips, K.-A. (2020). Key steps for effective breast cancer prevention. Nature Reviews Cancer. doi:10.1038/s41568-020-0266-x
De Cicco, P., Catani, M. V., Gasperi, V., Sibilano, M., Quaglietta, M., & Savini, I. (2019). Nutrition and Breast Cancer: A Literature Review on Prevention, Treatment and Recurrence. Nutrients, 11(7), 1514. doi:10.3390/nu11071514
Comments