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N- acetilcisteína: conheça esse composto e veja suas aplicações!


A N-acetilcisteína (NAC) apresenta uma composição muito semelhante ao aminoácido cisteína, tendo como diferencial a substituição do nitrogênio no grupo amino, reduzindo sua reatividade, toxicidade e reatividade.


Após ser ingerido e metabolizado, a NAC libera a L-cisteína que atua como precursor de síntese da glutationa reduzida (antioxidante hidrossolúvel).


Ao observar a literatura atual, é possível verificar que a NAC vem sendo utilizada nos últimos 60 anos como agente e medicamento mucolítico (torna o muco menos viscoso, facilitando a eliminação) indicado para doenças respiratórias crônicas. Além disso, ela também é indicada como tratamento no caso de envenenamento com paracetamol, visto que seu mecanismo de ação consiste em fornecer cisteínas para a formação da glutationa peroxidase (enzima responsável pela detoxicação) que durante a intoxicação é extremamente utilizada para a detoxicação do metabólito hepático.


Segundo o estudo conduzido por Dodd, S. et al. (2008), há fortes evidências que indicam a NAC para nefropatias (lesões ou doenças que acometem os rins) e como um recurso terapêutico para portadores do vírus HIV. Ademais, os pesquisadores sugerem que a substância pode ser benéfica para o tratamento de distúrbios psiquiátricos, principalmente a esquizofrenia e transtorno bipolar.


Essas indicações são corroboradas pela revisão de Berk, M. et al. (2013) que avaliam o potencial terapêutico da N-aceticisteína em relação à doenças que acometem o sistema nervoso (alzheimer, Parkinson, autismo, esquizofrenia, depressão, transtorno obsessivo compulsivo e vícios em cocaína, maconha e cigarros), os resultados demonstraram que a NAC apresenta um potencial terapêutico para todas as doenças citadas, visto que ela apresenta diferentes mecanismos de ação, como, por exemplo, aumentar a síntese da glutationa, interagir com a transmissão glutamatérgica, auxiliar as funções mitocondriais, entre outros. Contudo, os autores ressaltam que os resultados ainda precisam ser replicados por outras pesquisas e que a maior parte dos estudos estão em fase preliminar.


Vale ressaltar que a NAC é amplamente estudada por conta do seu potencial em elevar os níveis de GSH, uma enzima mantenedora do equilíbrio intracelular, combatendo os radicais livres excedentes. Além disso, o estudo de Sadowska, A. et al. (2006) evidencia que a NAC, além do efeito mucolítico e antioxidante, pode funcionar como um anti-inflamatório, visto que a substância dos grupos sulfidrilas (átomo de enxofre ligado a um átomo de hidrogênio) e é precursora da glutationa reduzida, atuando diretamente nas espécies reativas de oxigênio (EROs) e, por consequência, atuando no balanço redox intracelular. Essa alteração no balanço aparenta afetar o processo inflamatório, podendo atenuá-lo.


Por último, mas não menos importante, o estudo realizado em modelo animal de Schetinger, M. et al. (2010) demonstrou que a administração diária de 150mg de N-acetilcisteína para ratos expostos ao cádmio (cd) por 30 dias foi suficiente para reverter os problemas neurológicos relacionados à intoxicação por Cd. Ademais, os resultados também apontam que os animais suplementados não tiveram perda de memória e apresentaram uma diminuição no estresse oxidativo, sugerindo que o composto pode modular os neurotransmissores colinérgicos e, consequentemente, aumentar a cognição.


Referências:

MOURDI, N. et al. Acetylcysteine and carbocysteine for acute upper and lower respiratory tract infections in paediatric patients without chronic broncho- pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev ., [S. l.], p. -, 21 jan. 2009. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19160217/. Acesso em: 1 nov. 2021.

MA, Yan et al. N-acetylcysteine improves oxidative stress and inflammatory response in patients with community acquired pneumonia: A randomized controlled trial. Medicine (Baltimore) , [S. l.], p. -, 21 jan. 2009. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30407312/. Acesso em: 1 nov. 2021.

RODRIGUES, Fernanda et al. N-acetilcisteína previne a piora da memória espacial induzida por ácido glutárico e lipopolissacarídio em ratos jovens. Dissertação de mestrado, [S. l.], p. 1-83, 1 jan. 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11227/RODRIGUES%2c%20FER NANDA%20SILVA.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 1 nov. 2021.

Somdaş MA, Güntürk İ, Balcıoğlu E, Avcı D, Yazıcı C, Özdamar S. Protective effect of N-acetylcysteine against cisplatin ototoxicity in rats: a study with hearing tests and scanning electron microscopy. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86:30-7.

SADOWSKA, Anna et al. Role of N-acetylcysteine in the management of COPD. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. , [S. l.], p. -, 1 dez. 2006. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2707813/. Acesso em: 1 nov. 2021.

GONÇALVES, Jamile et al. N-acetylcysteine prevents memory deficits, the decrease in acetylcholinesterase activity and oxidative stress in rats exposed to cadmium. Chem Biol Interact . , [S. l.], p. -, 7 jun. 2010. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20399762/. Acesso em: 1 nov. 2021.


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